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Quando meu
professor de Técnicas de Jornalismo disse que eu teria de ler um livro de 422
páginas, eu quase tive um treco. Como vou ler um livro tão grosso professor?
Confesso que não era treinada a leituras longas e ainda mais um livro de
reportagens. Pensei deve ser uma leitura cansativa, reportagens tão longas
assim...
Equivoquei-me,
ler o Olho da Rua de Eliane Brum, foi uma das experiências
mais incríveis que tive com um livro e uma pessoa. A jornalista e escritora
sabia como fazer uma reportagem com humanidade e com envolvimento entre
repórter, leitor e personagem. Preocupava-me a assimilação das histórias e dos
personagens, afinal eram tantos. Não costumava me prender a tantos personagens
e tantos detalhes; e principalmente ter que descrevê-lo posteriormente como propôs
o Professor Russo, como é conhecido o professor da disciplina de uma das
cadeiras do curso de jornalismo.
Semestre
passado já tinha lido o primeiro capítulo de O Olho da Rua quando outro professor dividiu o livro em capítulos
na turma. Cada um iria descrever e falar de cada história, a minha foi a
primeira de tantas que o livro pode contemplar: A Floresta das Parteiras, que por sinal gostei muito de ler. Aliás,
foi a primeira impressão que tive do livro indicado. Mas devido a não obrigatoriedade e a
quantidade de leituras, estudos e trabalhos que a faculdade nos exigia, acabei
deixando o livro de lado; e não li o restante. Mas quem disse que eu não iria
mais ter notícias dele?
Novo
semestre, novo professor e o livro agora é a indicação. Mas não de um capítulo,
e sim do livro inteiro. Sim, 422 páginas iriam competir agora com inúmeros
trabalhos, apresentações, provas e eu teria que conseguir ler a tempo da prova.
No início da leitura minha preocupação era de acabar logo, aliás, eu nem estava
no meio e pensava: _ Falta mais da metade, como vou ler este livro com tantas
coisas para estudar, ler, com tantos trabalhos de faculdade para fazer? Mas
para minha supresa não se demorou para que eu me sentisse apegada ao livro,
aos personagens e as histórias contatas por Eliane
Brum, que antes de repórter é uma pessoa, e que teve toda sensibilidade de
trazer histórias reais aos leitores. Em cada dia me via lendo mais e mais,
ficava horas e horas lendo o livro que no começo parecia assustador. Acordava
cedo, 6h, 7h da manhã para ler. E foi no dia 1º. de maio, num feriado que
finalizei a leitura do livro O Olho da
Rua. E a ânsia por ler aquele livro, com tantas páginas foi tão grande, que
eu já não era mais a leitora. Parecia que já fazia parte do livro e da história.
As histórias contadas por Eliane eram histórias diferentes de nossas realidades,
mas iguais a vida de simplicidade e sentimentos que temos em nosso dia a dia.
Eliane escreveu as reportagens de tal forma que nos fez sentir como parte
daquelas histórias todas. Aliás, eu não diria que eram reportagens, se não
soubesse sua profissão de jornalista, mas ela trouxe-nos sim histórias reais em
forma de textos que exalavam vida e sentimento humano. Mas como já dizia ao
chegar ao final do livro, eu já não queria mais deixar que ele acabasse. Se no
início da leitura, ele assustava, ao final, não queria mais que ele me deixasse.
Tinha pena e me sentia apegada ao livro que agora terminara. E para não perdê-lo,
li tudo. Os agradecimentos, a ficha técnica. Depois, pulei para a orelha onde
falava da repórter, virei o livro e li o outro lado da orelha onde uma frase me
chamou a atenção; dizia: Se as histórias
contadas neste livro fossem publicadas como ficção, o leitor pensaria que o
autor exagerou. Sim, Eliane Brum pode fascinar e prender neste livro. Mas
eu não me conformava de ter terminado, eu queria mais. Reli a dedicatória, o
sumário. Imagina, ler o sumário... Pulei para o prefácio, escrito pelo repórter
Caco Barcellos, passei para a Apresentação foi quando me dei conta: _Estava
lendo o livro de novo... Parei e disse a mim mesma: Agora tenho que fazer um
relato do que senti ao ler este livro maravilhoso da Editora Época, o livro que
nos mostrou realidades e que tem por nome: O
Olho da Rua.
Ismênia Nunes –
Estudante de Jornalismo – 01-05-2013 (09h49)
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